terça-feira, 13 de novembro de 2007

Jornalismo na Fuvest

Dentre os cinco cursos preferidos da Fuvest deste ano - jornalismo, publicidade, relações internacionais e medicina-, três têm a ver com mídia, um com globalização e um, a medicina, com tradição. Esse é um cenário bem diferente daquele dos anos 70, 80, quando a medicina era au concour, quando a medicina era capaz de elevar seus alunos à condição de deuses no Olimpo. Os tempos mudaram e o imaginário se deslocou para um outro lugar. O poder hoje está em ser jornalista, publicitário, está em participar do jogo da mídia, está em celebrar a democracia - esse é pelo menos o discurso que esconde o desejo mórbido de se projetar como ego.

Nesse desejo, destaca-se o jornalismo mas podia ser qualquer outra coisa, desde que estivesse identificada com o poder. As profissões da mídia emergem como um falo no imaginário dos estudantes, que se vêem ocupando o espaço da tela da TV. Mas há um preço a ser pago para ocupar esse espaço, e certamente o candidato ao jornalismo não têm noção disso. O preço é o preço de jogar de forma correta, de encobrir a realidade com o discurso estúpido da indignação, que tanto apraz certos veículos. O preço é também o de reforçar o discurso em favor do consumo, numa sociedade que transforma tudo em produto.

Ser jornalista sim, ser crítico não. Esse é um sintoma da cultura: a profissão brilha em um tempo em que o discurso é homogêneo, pois parece mesmo que o conteúdo não é importante - todo ele se resume na apropriação do público pelo privado para os interesses do consumo. Mas também por que se perguntar pelo conteúdo se a imagem na tela expressa muito mais para a rede de egos que filtra a notícia?

Nenhum comentário: