segunda-feira, 12 de novembro de 2007

Amor e filosofia

Talvez o senso-comum tenha dificuldade em admitir que o amor seja especulável. Certamente, isso acontece porque o amor é um lugar de certeza, onde reina o absoluto. Quem ama, sabe que ama e isso é indiscutível.

Se observarmos o discurso de cada um de nós não sobre o amor, mas sobre o ser amado teremos uma evidência de que o amor - aquilo que dá suporte ao ideal do ser amado ou ao ser ideal - é algo que tem um significado subjetivo, é algo que se particulariza, que se concentra no que é único, imutável, no que é a razão de ser da existência.

Mas se do ponto de vista da linguagem tudo cabe na palavra “amor”, ou lembrando Gilberto Gil, “na lata do poeta tudo nada cabe” – então parece que o amor é a maior expressão do ser humano na cultura, pois é pura metáfora. É á única palavra em que a coisa referente pode ser qualquer coisa, em que o significado se desloca o tempo todo ao longo da vida, pois subjetivamente estamos sempre a procurar uma definição para a possibilidade de encobrir a angústia da solidão. O amor é algo que pode se definir até mesmo pela sua inexistência.

Um comentário:

Anônimo disse...

e parafraseando Benjamin Constant:

"(...) Todo sentimento precisa de um passado pra existir
O amor não, ele cria como por encanto um passado que nos cerca
Ele nos dá a consciência de havermos vivido anos a fio
Com alguém que a pouco era quase um estranho
Ele supre a falta de lembranças por uma espécie de mágica..."
bjs,
Mistica Libriana