quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Os pensamentos

Os pensamentos se formam a partir das percepções e sensações.
Esse circuito motocontínuo que se referencia na existência objetiva apreendida pelos sentidos e nos sonhos cria vapores que contaminam o organismo do psiquismo, lhe dão elasticidade para ousar associações.
Os pensamentos são da ordem da complexidade da existência humana. Nas cabeças cartesianas, eles pedem o estatuto de sua predominância pela consciência, mas isso é só mais uma ilusão sintomática da pulsão inefável que transforma as imagens em poder.
Na verdade, os verdadeiros pensamentos, os mais fortes e originais, estão abaixo da linha da pobreza, ou melhor, no meio do material que a consciência rejeita.
Nos tais pensamentos nos revelamos feitos de matéria purgada. O furúnculo narcísico atrelado ao passado por onde purga a dor é como uma flor de lótus – do lodo lança a beleza ao olhar.

terça-feira, 2 de setembro de 2008

Véio proseia com Afrodite numa mesa de bar

V - Véio
A - Afrodite

V: Toma uma cachacinha, fia?

A: Vinho, como manda a tradição.

V: Então... brinde a Dionísio.

A: Saúde.... Mas porque é que tu me chamou, véio?!

V: O véio chamou porque tá de zóio numa moça e qué uns concêio...

A: Ô véio, ma tu num sossega o facho, hein?

V: Moça bunita, carne nova no pedaço, sabe cumé...é uma tarzinha que se mudô pra vila, tem um rebolado, o véio fica inté côas orelha pegando fogo quando vê a muié.

A: Eita bicho safado. Falta televisão nesse sertão.

V: Tevelisão aqui só se fô na casa do seu Serapião...inda anssim é preto e branco, eita. E nóis tumem num tá a fim de incomodá o homi.